Missão aproxima experiências brasileiras e europeias com sistemas alimentares urbanos
Para o analista da Embrapa Alimentos e Territórios Gustavo Porpino, líder do projeto Cidades e Alimentação, as interações com cidades europeias podem fomentar a participação das cidades brasileiras em redes internacionais e incentivar as prefeituras a seguir investindo em programas de fortalecimento da segurança alimentar e nutricional. A equipe do projeto, apoiado pelo Instituto Comida do Amanhã e ICLEI América do Sul, interagiu nos últimos três meses com as equipes das cinco cidades brasileiras envolvidas na governança da agenda de alimentação urbana. “A primeira etapa do projeto, quando realizamos o diagnóstico nas cidades brasileiras, já despertou o interesse das prefeituras de ampliarem alguns programas. Essa vivência internacional pode servir para as cidades se sensibilizarem ainda mais sobre a importância de valorizar iniciativas de fomento a sistemas alimentares urbanos sustentáveis”, ressalta Porpino.
“Estamos muito honrados por Maricá estar presente nessa missão com a Embrapa e a delegação da União Europeia. Embarcaremos nessa jornada com muito entusiasmo e vamos trabalhar para trazer para Maricá ideias inovadoras para impulsionar ainda mais nossos esforços na construção de um sistema alimentar urbano sustentável e inclusivo. Nossos jardins comestíveis se tornaram exemplo para todo o mundo e já recebemos diversas autoridades que puderam conhecer esse projeto. Estamos ansiosos para compartilhar nossas experiências exitosas com outras nações”, destaca Fabiano Horta, prefeito de Maricá.
A nutricionista Sergiane Costa, chefe da divisão de segurança alimentar e nutricional de Rio Branco, avalia que a interação com cidades europeias fortalece “o compromisso local para fortalecer um sistema alimentar urbano sustentável, inclusivo e resiliente em uma comunidade que tem tantas particularidades e almeja aprender com cidades que têm mais experiência e participação em projetos com estratégias para incrementar as equidades social e econômica, produção de alimentos, abastecimento, e redução do desperdício de alimentos”.
“Ao considerar todo o sistema, do campo à mesa, estaremos bem mais posicionados para trabalhar de forma integrada a segurança alimentar. Rio Branco está engajada com a pauta dos sistemas alimentares urbanos sustentáveis, compreendendo que avançar nesta temática é uma alternativa para ampliar a oferta de alimentos saudáveis”, enfatiza Sergiane.
O programa da missão inclui visita ao Centro Mundial de Valencia para Alimentação Urbana Sustentável (CEMAS), discussão com a prefeitura de Barcelona sobre o Projeto Alimenta, reunião técnica com o secretariado do Pacto de Milão para política de alimentação urbana, visitas a iniciativas da prefeitura de Gante para redução do desperdício de alimentos, entre outras ações de fortalecimento da agricultura urbana, bancos de alimentos e gastronomia social.
Segundo Juliana Tângari, diretora do Comida do Amanhã e coordenadora geral do LUPPA, cidades do sul global e cidades do norte certamente enfrentam desafios diferentes e têm à sua disposição recursos diferentes. “A troca de experiências é extremamente rica e engrandece tanto o trabalho que vem sendo desenvolvido por aqui como traz possibilidades de futuras cooperações e desenvolvimento sustentável para todos. O retorno do Brasil ao cenário internacional, sediando o encontro do G20 em 2024 e a COP em 2025, mostram que este projeto liderado pela Embrapa não poderia ter vindo em melhor hora!”, afirma.
Imagem: Fazenda Urbana em Curitiba – PR – Gustavo Porpino